Alimentação do bebé no primeiro ano de vida

Os primeiros 6 meses

Leite materno

Durante os primeiros 6 meses de vida o leite materno constitui o alimento ideal para assegurar as necessidades nutricionais do bebé. A amamentação não só promove o vínculo afetivo entre mãe e recém-nascido, como é fonte de anticorpos essenciais ao desenvolvimento do sistema imunológico e à prevenção de infeções e doenças na infância, tais como atopia, dermatite atópica, asma e Diabetes mellitus.

Algumas crianças poderão desenvolver alergia às proteínas do leite. Nestes casos, a mãe poderá continuar a amamentar após eliminar o leite e derivados da sua dieta.

Fórmulas infantis

Caso a mãe opte por não amamentar ou por qualquer motivo a amamentação não possa ser realizada, devem ser utilizadas fórmulas infantis adaptadas à idade. A primeira fórmula é de iniciação (tipo 1), adaptada às necessidades nutricionais do recém-nascido e, a partir dos 6 meses, deverá ser preferida uma fórmula de transição (tipo 2) com teor superior de cálcio, fósforo e ferro de modo a suprir as necessidades crescentes. Para casos específicos, existem ainda fórmulas especiais adaptadas:

  • fórmula anti-refluxo (Doença do Refluxo Gastroesofágico)
  • fórmula parcialmente hidrolisada (prevenção da doença alérgica em famílias de alto risco)
  • fórmula extensamente hidrolisada (alergia às proteínas do leite)
  • fórmula sem lactose (intolerância à lactose)

Cuidados

A amamentação do bebé consiste na realização de 5-8 refeições diárias, com intervalos de 3h a 3h e meia, não mais de 4h. O volume máximo do biberão não deve exceder 180-210ml. A mãe poderá realizar a extração do leite para uso posterior, se o leite for armazenado no frigorífico (até 48h) ou no congelador (até 2 semanas). Para descongelar, deixar no frigorífico no dia anterior e não recorrer ao microondas.

Os biberões devem ser lavados com sabão (não detergente) e escovilhão e, até aos 4 meses, esterilizados posteriormente.

Diversificação alimentar

A partir dos 6 meses de idade, o leite materno em exclusivo não consegue suprir as necessidades nutricionais do bebé. Torna-se então necessário iniciar uma nova etapa, a diversificação alimentar. Idealmente iniciada aos 6 meses de idade, consiste na introdução progressiva dos alimentos na dieta, mantendo o leite materno a complementar ao longo de todo o programa de diversificação ou em função do desejo da mãe e da criança.

Este é um processo natural e gradual, nem sempre facilmente encarado pelo bebé. É normal que os alimentos sejam rejeitados várias vezes, cada criança tem o seu próprio ritmo, por isso poderá ser muitas vezes necessário repetir a introdução de um certo alimento até ser aceite.

6 meses

A diversificação pode ser iniciada com um puré de legumes cozidos, feito em casa. Rico em nutrientes, o puré é ideal para o primeiro treino do paladar. As crianças nascem com um gosto inato pelo doce, sendo importante introduzi-las e habituá-las desde cedo ao sabor mais amargo dos legumes. Primeiro, utilizar apenas um legume e ir introduzindo progressivamente variedade. A batata, cenoura, alface, brócolos, abóbora e agrião são alguns dos legumes a preferir. Não utilizar cebola, espinafres, beterraba e nabo. Pode ainda ser adicionado um pouco de azeite ao puré no final da cozedura.

Nesta fase, é também importante introduzir a papa de cereais com glúten e enriquecida com ferro, como fonte de hidratos de carbono, vitaminas e minerais. Se utilizada uma papa comercializada, ter em atenção o teor de sal e açúcares adicionados. Se se optar por papa láctea, utilizar leite materno ou fórmula.

A fruta deverá também ser introduzida logo no início, através de puré de fruta. Optar por frutas como maçã, pera e banana. Evitar frutos silvestres, kiwi e maracujá.

Nesta idade, as necessidades de ferro são superiores, requerendo a introdução de proteína animal não láctea na dieta, peixes magros e carnes brancas como frango e peru. A criança deve consumir cerca de 30g/dia de carne ou peixe que poderão ser adicionados à sopa.

8-9 meses

A dieta pode já consistir de refeição completa sopa + prato + fruta e o iogurte natural, ovo e leguminosas podem ser introduzidos.

12 meses

Ao final de 1 ano, o bebé pode partilhar da dieta familiar, desde que variada e equilibrada, e integrar as refeições como atividade de sociabilização familiar, fundamental ao seu desenvolvimento afetivo e comportamental. O leite materno (se a mãe assim o desejar) ou a fórmula infantil devem ser mantidos como fonte látea preferencial, com redução gradual do volume. O leite de vaca não deve ser dado antes dos 12 meses, de modo a evitar anemia por deficiência de ferro. Os frutos silvestres e legumes como os espinafres e aipo poderão agora ser introduzidos.

Cuidados

As refeições de leite devem ser substituídas progressivamente, uma de cada vez, por uma de papa ou puré de legumes. Oferecer água no copo nos intervalos entre refeições e manter 2-3 dias de intervalo entre a introdução de cada alimento.

O cuidador deverá alimentar a criança com colher e despertar o seu interesse para os alimentos, para que, gradualmente, o bebé comece também a pegar na colher e eventualmente se alimentar sozinho. Alimentos progressivamente menos moídos, permitem uma adaptação a diferentes texturas e facilitam o processo de mastigação. Não adicionar sal, açúcar/mel ou condimentos.

Diversificação alimentar

Durante o primeiro ano de vida, é essencial que a criança faça um suplemento diário de Vitamina D.

Se a mãe tiver uma alimentação vegetariana/vegan durante a amamentação, deverá suplementar com Vitamina B12, Vitamina D e ferro. Se os pais pretendem que a diversificação alimentar da criança consista também de uma dieta vegetariana/vegan, é necessário suplementar também com Vitamina B12, Vitamina D, ferro e zinco.

Desmame guiado pelo bebé

Surge como um método de introdução de alimentos alternativo à diversificação alimentar tradicional. Consiste na oferta de alimentos moídos ou “aos bocados” ao bebé, para comer sozinho com as mãos em vez de ser alimentado pelo cuidador à colher. É de extrema importância que este método não seja realizado em idades inferiores a 6 meses e que o bebé esteja sob vigilância médica e controlo atento permanente do cuidador. Este método não está recomendado pelas sociedades nacionais, dado levantar algumas questões relacionadas com a qualidade nutricional e segurança (possibilidade de engasgamento).